domingo, 18 de dezembro de 2011

Nota do PCB sobre a repressão da polícia e o aumento do salário dos vereadores

O PCB, Partido Comunista Brasileiro, vem a público novamente para repudiar, ainda mais veementemente do que no momento anterior, a aprovação do aumento em 126 % nos salários dos vereadores de Campinas, realizada no dia 12/12/2011.

No processo de votação os vereadores não se intimidaram com a presença dos diversos manifestantes contrários a esta proposta, realizando manobra política para aprovação dos próprios interesses. O placar da votação foi vergonhoso: 28 votos à favor, 2 votos contra, 2 ausentes e a não manifestação do presidente da Câmara, autor da proposta.

            Apesar da forte pressão popular dentro do espaço - cerca de 200 pessoas, os vereadores ignoraram completamente a população que só percebeu que o item de aumento dos salários estava em pauta quando já tinha sido anunciado sua aprovação. Houve uma intensa indignação por parte dos presentes que se manifestaram aos gritos: "Vergonha". E quando alguns manifestantes jogaram alguns ovos nos vereadores, sem sequer acertá-los, a pancadaria por parte da Guarda Municipal (GM) começou.

            A truculenta, despreparada GM se utilizou de tudo que pôde: empurrões, cassetetes, gás de pimenta e pistola de choque elétrico. Os gritos ecoaram no salão dos reis vereadores. Homens e mulheres vitimados pela violência policial. O comandante da Guarda Municipal, quando questionado sobre o exagero da corporação, ainda declarou com sua cara de pau inigualável  dizendo que " a GM usou a força necessária para conter o atirador de ovos que atacou os vereadores". Arremesso de ovos podem levar à UTI? À lesões irreparáveis? À morte?

            O PCB condena essa demonstração de força brutal do agente repressor do Estado burguês, representado pela Guarda Municipal de Campinas, que feriu várias pessoas e prendeu um manifestante. Isso só demonstra que qualquer tipo de manifestação será reprimida por aqueles que dizem fazer a nossa segurança.

            Cabe ressaltar ainda que, ao mesmo tempo da proposta de aumento em 126 % dos vereadores pilantras, o orçamento municipal da Assistência Social foi proposto para cair 45,31%. Isto é, os luxos dos parlamentares são mais importantes que o apoio a quem mais tem necessidade. Sem contar que a proposta de reduzir as verbas dos gabinetes dos vereadores - para tentar compensar os aumentos extraordinários, não é concreta e ainda não tem nem mesmo data marcada para votação. Também ainda não se sabe se tais cortes serão nas regalias dos ilustríssimos vereadores ou se serão desempregando trabalhadores dos gabinetes.

                          Segue os nomes dos vereadores que votaram a favor do projeto:



Antonio Flôres, Arly de Lara, Dr. Élcio Batista, Sebá Torres (PSB), Artur Orsi, Gilberto Cardoso, Luiz Cirilo, Valdir Terrazan (PSDB),  Aurélio Cláudio, Leonice da Paz (PDT) Campos Filho, Professor Alberto (DEM), Cidão Santos (PPS), Dário Saadi, Francisco Sellin, Zé Carlos, Peterson Prado (PMDB), Jaírson Canário, Josias Lech (PT) Jorge Schneider, Thiago Ferrari, Tadeu Marcos (PTB), Miguel Arcanjo, Paulo Oya (PSC), Rafa Zimbaldi (PP) Sérgio Benassi (PCdoB), Vicente Carvalho, Zé do Gelo (PV), Zé Cunhado (PP)

Abaixo os 126 % de aumento!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Nota do PCB sobre a proposta de aumento do salário de vereadores de Campinas

             O PCB vem a público repudiar veementemente a proposta de reajuste de 126% dos salários dos vereadores de Campinas, que faria com que os atuais R$6.636,24 fossem para R$ 15 mil.

             O valor por si só é uma afronta à renda familiar per capita de cerca de 50% da população brasileira, que vive com míseros R$375. Ou seja, tomando como exemplo uma família de 5 pessoas, se todos trabalharem – inclusive os filhos - a soma do que todos os membros da família recebem é de R$1.875. O valor proposto pelos vereadores é 8 vezes isso e 27,5 vezes maior que o salário mínimo vigente, o qual sofreu um aumento menor que 7% em relação a 2010!

            A proposta oportunista formulada pelo vereador Pedro Serafim (PDT) não pára por aí. Enquanto o salário mínimo atual tem o mesmo valor real do salário mínimo de 1985, os vereadores tem a “coragem” de afirmar que o reajuste é legal, dado que o salário de vereadores em cidades com mais de 500 mil habitantes podem chegar a 75% do salário de um deputado estadual. Como se os salários dos deputados fosse parâmetro de comparação e como se estes não usassem da mesma liberdade desonesta dos vereadores de Campinas de aumentar os próprios salários!

            Além dos absurdos acima, o vereador faz uso de meias verdades e manipula a situação afirmando, por exemplo, que não haverá ônus aos cofres públicospois serão cortados gastos das verbas dos gabinetes. A pergunta é, por que então não se corta a verba de gabinete, mantém-se o reajuste conforme a inflação e aplica-se os quase meio milhão de reais economizados em áreas prioritárias à classe trabalhadora, como saúde e educação?

            Seguindo a série de artimanhas argumentativas, o vereador Pedro Serafim afirma que “sem um salário atrativo no cargo, não há pessoas de expressão na sociedade que desejem ocupar uma cadeira na Câmara”. O PCB acredita que se as tais “pessoas de expressão” forem os já ricos e poderosos capitalistas da região, as condições de vida da classe trabalhadora campineira irão se degradar, visto que só defenderão os interesses de sua classe dominante, a burguesia. Lembremos que os deputados federais representantes dessa classe aprovaram o insignificante aumento do salário mínimo neste ano, fato que agrada e muito aos patrões e empregadores.

            Fora os argumentos não convincentes utilizados pelo excelentíssimo vereador, fato que chama a atenção é que a última sessão ordinária da câmara de vereadores este ano se dará no dia 14 de dezembro e a votação do aumento no dia 12. Ou seja, votações de interesses particulares que incitam desconfianças  são feitas às pressas, sem nenhuma participação popular, numa das últimas sessões do ano!

             Devemos recordar que na nossa cidade vizinha Americana a proposta, mais modesta que a dos vereadores de Campinas, de um aumento de quase 60% foi rechaçada pela população que foi às ruas e mostrou sua revolta, fazendo com que os vereadores revogassem o extraordinário reajuste. Após forte pressão popular, em um plenário lotado de manifestantes com nariz de palhaço, foi aprovado um reajuste de 0% para os vereadores daquele município.

             Portanto, o PCB aponta a necessidade de uma participação política ativa, determinada e organizada de toda a classe trabalhadora campineira, assim como ocorreu em Americana e nos recentes episódios de corrupção do alto escalão da prefeitura de Campinas, culminando na cassação do ex-prefeito Dr. Hélio, também do PDT. Que esta mobilização e demonstração de força novamente se expressem!
 
 
Abaixo os 126% de aumento!


Viva a classe trabalhadora!

Vereadores votarão hoje aumento salarial de 126% em Campinas

Breve resposta ao vídeo Tempestade em Copo d'água

Por Leandro Costa Ferreira Gomes


É triste que a argumentação se dê somente em cima de argumentos técnicos, fugindo de qualquer debate sobre quais sejam os reais interesses sendo atendidos com a construção dessa obra e passando por cima de qualquer consideração sobre os povos indígenas e ribeirinhos, afinal floresta é floreste né, joga eles em algum outro canto e tá resolvido. Não ouvi sequer a palavra alumínio, alcoa, alumar, alunorte, vale do rio doce ou outras eletro-intensivas como suzano, cemig, usiminas, votorantim e por aí vai, para não falar na odebrecht. Mas é só porque faltou tempo, o estúdio tava muito caro.

Não vi o vídeo citar nada sobre todos os atropelos jurídicos e constitucionais para construção da obra às pressas, nenhuma explicação sobre o porque o custo da obra ter subido de 10bi em 2001 para 30 em 2011 (isso na melhor das situações que li, há quem fale da obra ter saído de 4.5bi em 2006 e ter atingido o valor atual). Só para se ter uma idéia, a usina de três gargantas na china, a maior do mundo em capacidade instalada, com 20.3GW de potência instalada e QUASE O DOBRO de Belo Monte custou cerca de US$23, uns 35bi de reais. Acontece que, além de ter quase o dobro de capacidade instalada e da barragem em si ser bem maior, eles tiveram os custos de realocar 1.3 milhões de pessoas, custo incluído no valor acima, preciso falar nada né...
 
Também não vi eles falarem de todos os problemas que o canteiro de obras trás à cidade que o recebe como aumento da violência, de doenças, da prostituição e que só tende a piorar com o término da obra já que esses caras vão ser deixados à própria sorte. Eles também falam de compensações sociais e já "esqueceram" que cerca de 150 trabalhadores já foram demitidos por reivindicar melhores condições de trabalho, e olha que a obra mal começou. Parece que o mito do progresso e desenvolvimento andou ludibriando-os, pena que a única coisa que progride com essa obra é a mentalidade colonial de país exportador de matéria prima.


Também tiram dados da cartola... ou fugiram da escola...supondo que a geração anual que eles citaram, 100bi de kWh esteja certa, usando o valor que nós, usuários residenciais pagamos (que diga-se de passagem é o mais caro), algo em torno de 40 centavos o kWh daria 40bi, frisa-se, de receita bruta. Acontece que o valor da energia vendida no "livre mercado" de energia (livre para quem pode negociar livremente) é estupidamente inferior à isso. Para se ter uma idéia, a vale renovou seu contrato de compra de energia ao preço médio de US$18,00 o MWh até 2024 no MWh, ou seja, cerca de 3 centavos o kWh. Aliás, que diferença em relação ao que nós pagamos (e se alguém pagar o mesmo preço que paga hoje até 2024me avisa que quero saber de onde compra)! Ah... as perdas em transmissão em cerca de 15% para trazer para o sudeste e/ou nordeste também não costumam entrar no balanço...pra não falar nas obras bilionárias dos troncos de transmissão que incluem não apenas as linhas, mas as estações conversoras do HVDC e muita grana pra ABB.


"Esqueceram" de falar, ou as fontes que eles repetiram, não lhes falou das 4 usinas rio acima que vão matar de vez o rio Xingu e que o fato de gerar pouco em alguns períodos do ano servirá de justificativa para construção das seguintes, já que a vazão do rio será "regulada". Bom, tem as outras grandes obras na Amazônia como a UHE de São Luís de Tapajós e a Teles Pires, já em avançado processo de negociação.


Pra finalizar, acho que o pessoal da economia fugiu da aula de juros composto e o pessoal da civil não entendeu muito bem a função exponencial, que dizer do logaritmo. Vamos aqui fazer alguns cálculos simples, só para ilustração: pensando numa correlação entre crescimento econômico e aumento da capacidade instalada de energia em 1 para 1, ou seja, crescemos 1% do pib e aumentamos em 1% a capacidade instalada. Agora, tomando a prospecção de que o potencial hidráulico na região amazônica é de cerca de 200GW, cerca do dobro atualmente instalado e que vamos crescer no limiar dos economistas de 3% ao ano, em apenas 37 anos já engolimos uma bacia amazônica. Ou seja, demoramos 500 anos para chegar a 100GW instalados e em 40 chegaremos a 200! E pensar que a China tem 900GW instalados e quer chegar a 2020 com 2000GW, vamos ter que fazer um gasoduto do Sol pra Terra pra trazer hidrogênio!


Enfim, se não morrer de raiva ou de infarto vendo isso, acho que vou ter que assistir aos outros 77 vídeos das próximas obras planejadas para a região amazônica e quizá de alguma ou outra nuclear instalada na porta da minha casa.


Pra finalizar uma citação:
"Anyone who believes exponential growth can go on forever in a finite world is either a madman or an economist." Kenneth Boulding, economista


A crítica desse texto refere-se ao vídeo abaixo: